Há exatos 73 anos nascia Raul Seixas. E este 28 de junho registra também a nova fase do site Memorial Raul Seixas, que tem como propósito divulgar a vida e a obra do pai do rock brasileiro. E para começar essa nova etapa em grande estilo, o Memorial Raul Seixas publica hoje um entrevista exclusiva com Sylvio Passos.

Fã e amigo pessoal de Raul Seixas, Sylvio Passos fundou o Raul Rock Club em 28 de junho de 1981, conseguindo do ídolo a condição de Fã-Clube Oficial posteriormente. Sylvio participou e produziu programas em rádios e TV além de colaborar na publicação de livros, revistas e reportagens sobre a vida e obra de seu amigo. Em 1985, idealizou, produziu e lançou o LP Let Me Sing My Rock and Roll. Também foi fundamental no lançamento de material inédito do roqueiro baiano.

O Raul Rock Club dispõe de um acervo imenso, desde a carteirinha de estudante de Raul Seixas até o pijama usado numa coletiva de imprensa com Marcelo Nova, incluindo o famoso Baú do Raul, que foi o primeiro objeto que Sylvio Passos ganhou do ídolo. “Estou te passando a minha vida. Agora você está com um grande problema em suas mãos”, disse Raulzito, na ocasião.

O próprio roqueiro sempre dizia: “Sylvio sabe mais da minha vida do que eu mesmo”. Ao longo dos anos, Sylvio sempre lutou para manter viva a memória de Raul, para levar a bandeira do Raulseixismo cada vez mais longe.

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MRS: Sylvio, sabemos que sua história com Raul começou naquele início de anos 1980, com a fundação do Raul Rock Club e o reconhecimento como fã-clube oficial de Raulzito. Mas, antes disso, como você se tornou fã de Raul Seixas? O que você viu nas letras e nas músicas do roqueiro baiano?
Sylvio Passos: Eu era um garotinho e ouvia Raul em todos os lugares, todas as rádios. Isso na década de 1970. Naquela época eu ouvia mais músicas que vinham de fora, bandas inglesas como Led Zeppelin, King Crimson, Deep Purple, Jethro Tul, Pink Floyd… eu não gostava muito de Raul e de nada feito no Brasil. Diziam que eu era um menino alienado. Já no final da década de 1970 abri minha cabeça pra música feita no Brasil. Eu estava com 16 aninhos e aí comecei a ouvir Made In Brazil, O Peso, Terreno Baldio, O Terço, Mutantes, Som Nosso de Cada Dia… e o Raul veio junto com tudo isso. Foi uma porrada. Apaixonei-me por tudo aquilo. As letras, a sonoridade, a interpretação…

MRS: E qual transformação esse contato com a obra e com a vida pessoal de Raul proporcionou em sua vida, especialmente?
Sylvio Passos: Bom. A música mexeu muito com a cabeça do garotinho Sylvio, ainda com 17 aninhos de idade. Hormônios a mil, né? A mudança mais especial foi o privilégio de conhecer Raul naquele momento e passar a conviver com ele diariamente. Mudança radical na minha vida, entende? Essa convivência foi o divisor de águas em tudo que eu viria a me tornar.

MRS: Falar em suposições é sempre complicado, talvez seja difícil supor como Raul Seixas observaria esse período atual da história do Brasil e do mundo. Mas é possível mensurar o quanto um artista contestador como Raul faz falta para o cenário musical atual?
Sylvio Passos: Realmente o mundo atual seria um prato cheio para Raul se divertir e mandar seus toques. Infelizmente não existem mais “Raul Seixas” por aí atualmente.

MRS: Apesar da obra de Raul Seixas ser predominantemente filosófica, ainda há uma interpretação muito forte de viés místico sobre as músicas? Quero dizer, ainda há muita gente que enxerga na figura de Raul Seixas uma espécie de guru, aquele que traria as respostas que queremos?
Sylvio Passos: Sim. Muita gente enxerga esse Raul Guru ainda hoje e me parece que muito mais intensamente do que antes. Meio preocupante isso aos meus olhos.

MRS: Uma questão que dez entre dez fãs de Raul querem saber. Ainda há muito material inédito de Raul Seixas que pode ser lançado? Em 2014, os fãs receberam dois presentes (os álbuns Eu Não Sou Hippie e Isso Não é Woodstock, Mas Um Dia Pode Ser!). Já é possível dizer quando virá o próximo?
Sylvio Passos: Sim. Tenho muito material pra lançar. Aos poucos vamos lançar tudo. É só ficar atento.

MRS: E quanto aos relançamentos? Hoje (28/06) começou a pré-venda de uma bela reedição limitada e numerada do LP Metrô Linha 743. Outras reedições de discos de Raul virão? Inclusive do mítico Let Me Sing My Rock and Roll?
Sylvio Passos: Sim. A ideia é reeditar todos os álbuns de Raul em 180g com um material gráfico ímpar, como nunca foi feito antes, inclusive o Let Me Sing My Rock and Roll.

MRS: Tantos os lançamentos quanto os relançamentos contam com sua ajuda direta ou indireta. Além disso, você tem outros projetos para levar adiante a bandeira do raulseixismo, como a Expo Raul Rock Club. Como estão esses projetos atualmente? Que novidades os fãs podem esperar?
Sylvio Passos: Estou com a gaveta e a cabeça cheia de projetos, a questão é encontrar investidores. Mas acredito que dentro do posSylvio todos eles se realização dentro do esperado nos próximos anos.

MRS: E como você imagina que será a divulgação da obra de Raul Seixas nas próximas décadas, a longo prazo?
Sylvio Passos: Com todo essa tecnologia que temos atualmente, facilita bastante a divulgação da obra de Raul. Tudo muito mais acessível globalmente.

MRS: Há alguns anos, havia uma certa turbulência nos bastidores do universo raulseixista. Inclusive, você tinha decido até encerrar as atividades do Raul Rock Club. Esse momento de conflito já foi superado ou ainda existe alguma tensão?
Sylvio Passos: Tudo já foi resolvido, superado. Ufa!

MRS: E a Putos Brothers Band? Quando surgiu a banda e em qual contexto? E como vem sendo essa oportunidade de fazer um trabalho autoral?
Sylvio Passos: A Putos BRothers Band foi fundada em 2010. A ideia era, e é, uma banda autoral, não uma banda cover de Raul. Eu nunca planejei uma banda cover de Raul e nem de ninguém, minha ideia sempre foi uma banda autoral, poder compor e gravar as próprias músicas, saca?

MRS: Sylvio, muito obrigado pela atenção e disposição em conceder essa entrevista. Sucesso a você, longa vida ao Raul Rock Club e considere as portas do site Memorial Raul Seixas sempre abertas.
Sylvio Passos: Eu que fico agradecido pela oportunidade. SOCA RAUL! e TOCA PUTOS!

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A Putos Brothers Band
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